quarta-feira, 10 de julho de 2013
segunda-feira, 8 de julho de 2013
Potencial Económico da Língua Portuguesa - coordenação de Luís Reto
Quanto vale a Língua Portuguesa por Maria Helena Mira Mateus
«Se a pujança do português permite a criação de obras
literárias em países de todos os continentes, como não se considerar esta
língua como uma riqueza dos que a falam?», pergunta — e responde — a presidente do ILTEC, em artigo publicado no semanário Expresso de 29 de Janeiro de 2011.
Numa ocasião em que tanto se fala sobre problemas da nossa economia, é um
erro esquecer que o conhecimento e o uso do português constituem uma mais-valia
no campo das interações económicas e um dos mais importantes investimentos que
cabem à iniciativa governamental e coletiva. Discutir um negócio ou argumentar
sobre uma posição política, ou um projecto científico e cultural, usando o
português com a facilidade de ser a língua materna (e, nos países da CPLP, a língua de
escolarização) tem valor económico e social. Se o Brasil criou há pouco uma
universidade, a Unilab, que se destina a reforçar os laços com os países lusófonos, é porque
acredita na importância de enriquecer a língua portuguesa no campo da ciência
actual e das tecnologias, e do uso quotidiano nos países-membros da CPLP. A
formação de professores, uma das suas valências, é também uma forma de difusão
da língua, assim como o é a Universidade Aberta de Moçambique, criada durante a
recente ida de Lula da Silva a esse país. Acrescente-se que na publicação da Fundação Luso-Americana de 2010 se
mostra, com argumentos e dados estatísticos, a importância e a larga
distribuição do ensino do português nos EUA. E se a pujança do português
permite a criação de obras literárias em países de todos os continentes, como
não se considerar esta língua como uma riqueza dos que a falam?
No sentido da sua difusão e facilidade no uso, tem-se avançado pouco em
Portugal, embora existam aplicações computacionais que estimulam a utilização
do português na Internet, ao serviço de uma necessária internacionalização, da
dinamização cultural e da investigação científica. No entanto, muito há ainda a
fazer. Ao contrário da ausência de estímulos que se sente na criação de meios
para o reforço e difusão da língua, é preciso que se proteja a produção em
português através de uma política de incentivo à tradução e à realização de
obras de base para a formação escolar, do estímulo à produção de obras teóricas
e de aplicação em todos os campos do saber. Sem este apoio, o Estado não pode
dizer que participa ativamente no objectivo de difundir a língua portuguesa.
Note-se que, com a adoção de um acordo ortográfico que suprime muitas
diferenças ortográficas entre os países que usam o português, o livro produzido
em Portugal tem um vasto mercado e um real valor económico.
Portugal tem que encarar a sério esta questão e alargar as acções que a
promovam. Poderá fazê-lo de muitos modos: aumentando e desenvolvendo o ensino
da língua nos países africanos e em Timor; preparando e produzindo materiais
didácticos; apoiando projectos dinamizadores de parcerias entre Portugal e os
países de língua oficial portuguesa; divulgando livros e materiais multimédia
em português; construindo terminologias científicas e técnicas indispensáveis
para a consolidação do português nas áreas científicas e tecnológicas; criando
centros de cultura e língua portuguesa de acordo com prioridades
sociogeográficas; utilizando sempre a língua portuguesa em organismos
internacionais para lhe atribuir o prestígio que lhe é devido.
indispensáveis para a consolidação do português nas áreas científicas e
tecnológicas; criando centros de cultura e língua portuguesa de acordo com
prioridades sociogeográficas; utilizando sempre a língua portuguesa em
organismos internacionais para lhe atribuir o prestígio que lhe é devido.
Uma das maiores riquezas da Europa é a sua diversidade linguística. Essa é
a justificação de um projecto em curso, Language Rich Europe, que pretende
informar e divulgar as línguas faladas nos países da UE. Se queremos uma área
de investimento económico, temos de acreditar que a língua portuguesa pode
servir-nos nesse objectivo.
1/2/2011
Artigo publicado no semanário Expresso de 29 de janeiro de 2010
Artigo recolhido no sítio do Ciberdúvidas
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